quinta-feira, 25 de julho de 2013

Do Tesouro de Jóias Preciosas para Eliminar Máculas

Do Tesouro de Jóias Preciosas para Eliminar Máculas

No eremitério de Samye Chimpu, a senhora Tsogyal, princesa de Kharchen, implorou ao mestre Padmakara [Padmasambhava]: Por favor preste atenção, grande mestre! Apesar de você ter mostrado a uma garota não-inteligente como eu que todo o mundo e os seus seres são o dharmakaya, ainda assim minha prática do Dharma desvia-se no entendimento teórico devido à minha companhia contínua com o hábito da percepção deludida. Imploro a você: conceda bondosamente sobre mim a instrução para me permitir juntar qualquer coisa que eu faça com a natureza inata do dharmakaya!

Padmasambhava respondeu: Tsogyal, ouça! Você deve possuir estes três pontos chave quando praticar os ensinamentos do Mantra Secreto do grande veículo — o ponto chave do corpo, a postura; o ponto chave dos olhos, o olhar; e o ponto chave da mente, o modo de descansar.

Antes de tudo, em um lugar recluso, sente-se na posição de pernas cruzadas sobre um assento confortável, descanse seus braços e estique sua coluna. Se o seu corpo permanecer em seu estado original, a meditação ocorrerá naturalmente. Sem assumir a postura física, a meditação não acontece.

Em seguida, quanto ao olhar, não feche seus olhos, nem pisque ou olhe para os lados. Olhe diretamente e sem oscilar para frente. Já que a visão e a consciência compartilham uma única natureza, a meditação ocorre naturalmente. Sem o olhar correto, a meditação não acontece.

O ponto chave da mente é não deixar o estado natural de sua mente ordinária seguir padrões habituais passados, não deixá-la olhar para as atividades futuras das emoções perturbadoras e não deixá-la fabricar qualquer coisa no seu estado presente através da conceitualização. Descansando a consciência em seu estado natural, a meditação ocorre naturalmente. Se você estiver distraída ou difusa, a meditação não acontece.

Quando você deixar suas três portas descansarem em seu estado natural deste modo, todos os pensamentos grosseiros e sutis se acalmam e sua mente permanece solta em si mesma. Isso é chamado Shamatha, descansar calmamente. [Quando sua mente está] não-obstruída, sem localização e nua na lucidez espontânea, [isso é chamado Vipashyana]. Quando estes dois, em um instante consciente, permanecem vivamente claros como uma identidade indivisível, isso é chamado Shamatha inseparável de Vipashyana. Entendimento Intelectual é quando você mantém a consciência como um objeto; Experiência é quando você descobre sua não-localização; e a Realização ocorre quando estes estados de mente permanecem vivamente claros como a essência de sua prática de meditação. Isto não é diferente da realização dos buddhas dos três tempos. Não é uma fabricação baseada nas instruções profundas do lama, nem um resultado da inteligência aguda do discípulo. É chamado de chegar ao estado natural da Base.

Quando meditar deste modo, surgirão as experiências [tib. nyam] de Êxtase, Claridade e Não-Pensamento.

A consciência livre do pensamento conceitual é chamada Não-Pensamento e tem três tipos. "Nenhum pensamento bom" significa livre de apego ao meditar e ao objeto de meditação. "Nenhum pensamento ruim" é a interrupção do fluxo de pensamento conceitual grosseiro e sutil. "Nenhum pensamento neutro" é o reconhecimento da face natural do estado desperto como sendo sem localização.

Durante este estado de não-pensamento, a Claridade é não-obstruída, radiação nua do estado desperto. Há três tipos de claridade. "Claridade espontânea" é o estado de ser livre de um objeto. A "claridade original" não aparece por uma duração temporária. A "claridade natural" não é feita por ninguém.

Há quatro tipos de Êxtase. O "sentimento de êxtase" é livre das condições adversas de desarmonia. O "êxtase completo" é livre do apego à fixação dualista. O "êxtase incondicionado" é livre de causas e condições.

Quando estes três tipos de experiência surgirem, você precisará das três analogias do desapego: o desapego ao êxtase é como um louco; o desapego à claridade é como o sonho de uma criança pequena; e o desapego ao não-pensamento é como um yogi que aperfeiçoou sua disciplina yógica. Quando você possui estes três, você está livre dos defeitos da meditação.

Se você se fascinar e se apegar a estas três experiências passageiras, você se desviará para os três estados da existência. Quando se apega ao Êxtase, você se desvia para o reino do desejo; quando se apego à Claridade, você se desvia para o reino da forma; e quando se apego ao Não-Pensamento, você se desvia para o reino sem forma.

Mesmo que você pense que não está nem apegada nem agarrado a eles, você mantém um sutil apego interno. Para cortar esta armadilha, há os Nove Estados Serenos da Permanência Sucessiva, começando com os Quatro Estados Dhyana da Serenidade para descartar o pensamento do desejo. O primeiro dhyana é livre do pensamento conceitual de percebedor e percebido, mas ainda está em discernir um objeto e um ato de meditação. O segundo dhyana é estar livre do pensamento conceitual e do discernimento, enquanto ainda se fixa em experimentar o sabor do samadhi da alegria. O terceiro dhyana é atingir uma mente inamovível mas com inalação e exalação. O samadhi do quarto dhyana envolve se tornar totalmente livre do pensamento conceitual com a não-obstruída percepção clara.

Os Quatro Estados Sem Forma da serenidade eliminam o pensamento conceitual do reino da forma. Permanecendo no pensamento de que "todos os fenômenos são como o espaço", você se desvia na [esfera de percepção do] Espaço Infinito. Permanecendo no pensamento de que "a consciência é infinita e sem direção", você se desvia na Consciência Infinita. Permanecendo no pensamento de que "a cognição clara da percepção não está presente, nem ausente, e não pode ser transformada num objeto do intelecto", você se desvia na Nem Presença Nem Ausência. Permanecendo no pensamento de que "esta mente não consiste de qualquer entidade, é não-existente e vazia", você se desvia na esfera de percepção do Nada Mais. Estes estados possuem a mácula sutil de serem conceitualizações, fascinações mentais, e experiências da mente dualista.

A serenidade da cessação descarta os conceitos de todos estes estados. A cessação analítica é o cessar do engajamento das seis consciências com seus objetos, o que envolve descansar calmamente na interrupção do movimento da respiração e da mente dualista. A cessação não-analítica é chegar à sua natureza inata. Essa é a indiferença última.

Entre os Nove Estados de Serenidade, os Quatro Estados Dhyana são "o Shamatha que produz Vipashyana". Assim o samadhi destes quatro dhyanas está em harmonia com a natureza inata e é o mais eminente de todos os tipos de samadhi mundano.

Os Quatro Estados Sem Forma da serenidade são as armadilhas do samadhi. A serenidade da cessação é o samadhi pacífico de um ouvidor.

Reconhecendo estes estados você pode distinguir os diferentes tipos de samadhi, purificar as máculas em sua prática de meditação e evitar se desviar.

Os Cinco Caminhos estão incluídos dentro de três. Tendo cortado estas armadilhas e praticado uma meditação sem defeitos, você permanece serena e vivamente no Êxtase, Claridade e Não-Pensamento durante o estado de meditação. No estado de pós-meditação, as aparências surgem não-obstruidamente e são tão insubstanciais quando um sonho ou uma ilusão mágica. Você entende a natureza da causa e efeito, preenche a medida de mérito até o borda, atinge o "calor do samadhi" e assim aperfeiçoa o Caminho da Acumulação.

Praticando assim durante um longo tempo, você vê na realidade, sem localização e auto-cognitiva, a natureza presente em você mesma. Reconhecer sua face natural é o Caminho da Visão. Experienciando a aparência, o estado desperto e a vacuidade como sendo sem localização, você vê diretamente a incondicionada natureza inata. A obstrução das emoções perturbadoras é destruída em sua raiz. Realizando a causa e efeito são vazios, o samsara não tem existência sólida. Isto é chamado o primeiro estágio [do bodhisattva, o estágio] do Alegre. O estado de meditação é indivisível do estado búddhico e tudo no estado de pós-meditação surge como uma ilusão mágica.

Familiarizando-se com este estado e o sustentando firmemente, todos os fenômenos tornam-se não-duais. Reconhecendo-os como uma auto-exibição, as aparências e a mente fundem-se em um. Quando a vacuidade surge como causa e efeito, você realiza a originação dependente. Durante o estado de meditação todos os fenômenos são sem localização e presentes como a essência do estado desperto. A presença sutil das aparências objetivos durante o estado de pós-meditação é o Caminho do Cultivo.

Mantendo isto durante um longo tempo, você realizará que todos os fenômenos do samsara e do nirvana são não-duais, além do surgimento e da cessação, não-misturados e completamente perfeitos, sem localização e auto-cognitivos. O obscurecimento cognitivo desaparece totalmente e o próprio momento em que tudo desponta como a lucidez original é o Caminho da Consumação, o estado búddhico.

(Advice from the lotus born: a collection of Padmasambhava's advice to the dakini Yeshe Tsogyal and other close disciples. Introdução de S.E. Tulku Urgyen Rinpoche, tradução de Erik Pema Kunzang e edição de Marcia Binder Schmidt. Kathmandu: Rangjung Yeshe, 1994. Pág. 68-72.)

Um comentário:

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Guru Padmasambhava

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